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Retrospectiva 2023: Minha lista de RPG

Este ano não foi um dos mais agitados em relação à quantidade ou variedade de jogos que rodei em mesa, presencial ou virtual, mas foi um ano em que consegui melhorar a consistência em alguns RPGs – isso se comparado aos anos anteriores, das trevas pandêmicas. E eu sei, prometo mais partidas do que realmente consigo jogar, então vou deixar já aqui as minhas mais sinceras desculpas!

  • Fighting Fantasy 

Minha primeira atividade rpgística de 2023 foi lançar a primeira edição da “Teste sua Sorte Zine”, uma publicação voltada ao mundo das Aventuras Fantásticas que levou alguns meses de maturação até a gente conseguir soltar esse volume em janeiro. O material e a galera que fez essa zine acontecer está ligado ao grupo de whatsapp onde discutimos os livros-jogo, o cenário de Titan e o Advanced Fighting Fantasy (famoso AFF, meus livros queridos do coração). Foi muito bacana, ter algumas pessoas daqui de Brasília tão envolvidas nesse material, que foram o Vini e o Tiago Marinho (Secular Games). E, além deles, uma galera de outros estados deu duro na publicação. Acredito ser a primeira e única zine brasileira voltada ao jogo e agora é continuar os trabalhos da segunda edição.

Como eu estava empolgado com o AFF, logo na primeira semana de janeiro eu comprei a aventura oficial “Temple of the Ice God”, da editora Arion Games. Desde 2011, quando a Arion passou a publicar a segunda edição do AFF, os materiais de jogo vêm saindo frequentemente e com qualidade. O mote dessa aventura segue um mistério sobre algo que está causando um inverno sem fim enquanto os aventureiros são instigados a libertar uma pequena vila das garras malévolas da neve incessante. A aventura foi escrita pelo Graham Bottley, o cara que é a força motora do jogo há mais de uma década e um dos mais legais com quem já conversei do RPG gringo. 

Cheguei a mestrar a aventura três vezes entre janeiro e fevereiro, sendo duas online e uma em modo “campanha” por mensagem de texto no Telegram. A experiência pelo app de msgs foi legal, inclusive cheguei a jogar Old Dragon 2ed dessa maneira com o Rafael Beltrame, mas da mesma forma, não foi muito adiante – confesso que eu sou mais difícil para outros tipos além do RPG de mesa. Aqui vale destacar que uma das partidas de “Temple of the Ice God” foi jogada usando o Warlock RPG, um sistema que usa d20 e é retroclone da primeira edição do Fighting Fantasy. Se você não conhece, recomendo fortemente. É um jogo com a pegada old school britânica e muito bem feito, além de ter inúmeros suplementos para incrementar as partidas. 

Continuando a falar de Fighting Fantasy, em agosto nós realizamos o 74º Encontro D30 com o tema Família, então adaptei a aventura “Floresta da Destruição” para Fighting Fantasy 1ed e fechei uma exclusiva para crianças entre 7 e 10 anos de idade. Não conhece? Uma família de anões em busca de um martelo mágico por dentro de uma perigosa floresta. Agora imagine como foi: crianças eufóricas em volta da mesa e, claro, muita gritaria. A curiosidade aqui fica por conta dos 40 anos que a história completou agora em 2023, por isso reli esse livro-jogo e achei que apesar de simples e sem um grande vilão, a aventura envelheceu razoavelmente bem e continua divertida. 

  • Dungeons and Dragons

Voltando ao início do ano, é muito fácil começar jogando D&D, seja qual for a edição. Então para começar meu amigo Larcher mestrou uma partida da 4ed (que é bem maneira, mesmo com o choro da galera contrária). A gente sentou para rodar uma única partida e relembrar como as mecânicas se integram no desenvolvimento da história e dos personagens. Foi muito bacana principalmente pelo cenário, que é o excelente “Nentir Vale”, com seu conceito de pontos de luz. Gosto demais dessa proposta de ter alguns lugares melhor protegidos na civilização enquanto pouco se sabe dos arredores e que ocorre nas estradas à frente.  

Durante a maior parte do ano, mantivemos nosso grupo de segunda-feira à noite em que o Larcher seguiu narrando a campanha de underdark em “Nentir Vale” (só que desta vez jogando na 5ed que é sistema da nossa campanha), onde eu estou com minha eladrin druída. Foram ótimas partidas com os amigos Tio, Geraldo e Dan, mas tivemos de dar uma segurada nessa campanha para que o Dan possa cuidar do filhote recém-nascido, então voltamos com ela em breve.    

Um dos pontos altos neste ano foi a ótima campanha que mestrei usando a caixa do Kit Introdutório da 5ed com a aventura que vem, chamada “Dragões da Ilha da Tempestade”. Montei esse grupo entre fevereiro e março e a aventura virou uma campanha que rendeu até novembro. Adorei a aventura (com as imagens dos personagens de Caverna do Dragão) mas trouxe o cenário para Greyhawk, mais especificamente Saltmarsh, que é um dos melhores livros da 5ed. A história foi ampliada pela dinâmica do grupo e aqui eu agradeço pelas ótimas tarde de fim de semana em companhia do Zé Marcelo, Cássia, Bianca e Rodrigo – o Conselho das Ondas agora vai para a primeira Expedição às Ruínas de Greyhawk.

Ao longo do ano eu ainda participei de outras partidas de D&D, mas desta vez usando o meu sistema favorito: a Rules Cyclopedia. Assim, mestrei “The Forgotten Temple of Tharizdun”, que é uma de minhas aventuras favoritas e sempre rende muito dark fantasy, exploração e combates desesperadores. A partida rolou já no fim do ano, lá por novembro e o grupo de amigos que caiu de cabeça na investigação! Larcher, Lucas Rolim, Caio Capella, Paulo Deus e o Hélio mapearam grande parte da dungeon, vamos para uma nova etapa! 

Com a RC também comecei um movimento ousado de jogar partidas esporádicas durante o almoço aqui no trabalho com colegas que estão próximos (para quem conhece Brasília, eu trabalho em um ministério na Esplanada, então imagine hehehe). Com esse grupo fizemos fichas e começamos a jogar a tradicional “Keep on the Borderlands”, assim espero que ano que vem possa jogar mais partidas de 1h no almoço com o Hélio, Thiago, Vicente e Luciano. 

E já no último trimestre deste ano, comecei a jogar com uma galera online, em um cenário super curto e que eu adoro, o Thuder Rift. Ali eu mestrei uma primeira partida e ambientação usando a antiga aventura “A Call to Glory” que vem na caixa do Dragon Quest. Eu acabei mestrando essa aventura novamente no último encontro D30 de dezembro, mas usando o Old Dragon 2ed. Inclusive, este grupo que conta com Lucas, o Devorador Quântico; o Marcelo, do Dados e Canecas e o Esaac, vai mudar o sistema do jogo para OD2. 

  • Old Dragon 2ed

Apesar de todos os relatos acima, desde o final de 2022 até aqui, dezembro de 2023, estou bastante dedicado aos materiais e conteúdos de Old Dragon 2ed – tanto mestrando nas mesas físicas quanto pelo online, além da produção de material para  jogo. Realmente me empolguei com o material publicado pela Buró, a animação da comunidade e o tipo de jogo ali presente. 

Para começar, desde os primeiros dias de janeiro eu já estava comprometido com o Desafio Gygax 23, na construção de uma dungeon. Eu estava envolvido com a leitura de Beowulf, Götz von Berlichingen e Berserk, então acabei criando um pequeno cenário mais voltado pro horror dark fantasy usando as regras que tinham acabado de sair para OD2. Assim surgiu Faustrecht, um projeto testado ao longo do ano inteiro nos seis encontros D30 e por algumas mesas via Discord.

Paralelamente a isso, eu dei continuidade à escrita de uma grande dungeon pelos esgotos fétidos de Landora. Essa é uma aventura que comecei a escrever em fevereiro de 2022 usando a RC, mas poucos meses depois saiu o Fast Play do OD2 e com toda a vibe do financiamento eu mudei o sistema (gente, só quem viveu esse FC sabe como foram divertidos aqueles meses e às sextas-feiras que seguiram o lançamento dos materiais). Aqui eu joguei com muita gente, pois mestrei em todos os eventos do d30 neste ano, além de ter mestrado partidas únicas com uns 4 grupos diferentes pelo discord. Aqui vale destacar meu querido grupo online que jogou no modo campanha por uns meses e aqui vai um obrigado ao Victor Silva, Edson Evangelista, Rodrigo Arraes e Rodrigo Oliveira, pelas ótimas partidas e toda diversão!

E sobre mesas online, eu posso destacar algumas outras que foram bem interessantes e ajudaram a consolidar alguns pontos em aventuras que estou trabalhando. Desta forma narrei mesas no cenário de Midnight, Valansia e Greyhawk. Em relação produção, além dos conteúdos que estou escrevendo, acabei fazendo parte da Zine OD2, editando conteúdo e com aventura!

Já nas mesas presenciais, como tinha dito, me dediquei ao sistema! Narrei uma partida em cada um dos encontros do ano. No 71º Encontro D30: Jogos BR, eu mestrei uma partida de OD2 nos esgotos de Landora e outra foi a aventura “O Templo Profano de Scæwoschatten” que fiz para meu cenário, Faustrecht. No 72º Encontro: Mentira, teve uma nova incursão aos esgotos para investigar casos estranhos. Já no 73º Encontro: Anime, rolou uma rápida partida no cenário de Berserk que acabou com 12 personagens mortos (ou seja, os dois de cada jogador num TPK) e mais exploração aos fétidos esgotos de Landora, assim como também teve no 74º Encontro. Já no 75º Encontro D30: Noites Cerradas, mestrei uma partida com a aventura “Nas Cavernas da Abominação Pestilenta”, escrita pelo Marcelo do blog Dados e Canecas. Por fim, no último evento do ano, o 76º Encontro D30: O Grande Baile, eu fechei com uma mesa de 10 jogadores com aquela mesma aventura da caixa do Dragon Quest, “A call to glory”. Foi demais!

  • Outros jogos

E além de mestrar um monte de fantasia medieval sendo a maior parte com uma pegada mais sombria e tons de horror, eu também joguei algumas partidas legais com temáticas diferentes. Uma delas foi a ótima partida de Hunters, o “novo caçadores caçados” de Vampiro 5ed. Quem narrou foi o Zé Marcelo e o jogo foi divertido demais, mas sou suspeito pois é dos meus favoritos. Também teve ficção científica, pois eu não passo um ano sem mestrar 3:16 Carnificina entre as Estrelas, e foi o que eu fiz no 72º Encontro. Nem preciso explicar muito, né? Matar aliens antes que eles cheguem até a Terra. Também mestrei uma partida de 3:16 quando o D30 participou do Brasília Game Festival em maio, e daí foi a vez de uma clássica missão pelo planeta Omphalotus. Por fim, conheci Twilight Imperium, não sabia nada a respeito antes de o Larcher apresentar, mas já curti bastante e quero jogar mais. Ficção científica com espionagem, diplomacia, investigação e tiros. 

  • Podcasts

Este ano ainda mantivemos uma média mais baixa de lançamento de novos episódios do Podcast D30. Mesmo com apenas 4 novas edições, não deixamos de produzir conteúdos legais nesse aspecto! Começamos o ano falando sobre o tão aguardado filme de D&D – e eu particularmente achei muito bom, bem o que deveria ser mesmo. Conversamos com o Júlio Matos e Tiago Marinho sobre o novo jogo Rebel R, financiado pela Secular Games, e gravamos também com o Tiago Junges e o Encho Chagas sobre o Pulse, financiado pelo Coisinha Verde. E teve um último episódio do ano que era uma coisa que a gente devia há um tempo para o Silvio, contando sobre o grupo dele que completou 25 anos jogando a mesma campanha e mesmos personagens!   

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Janary Damacena

Sempre interessado em narrações fantásticas e de horror, apreciador de boa interpretação e defensor da regra de ouro.

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2 Comments:

  • Marcelo P Augusto

    dezembro 28, 2023 / at 9:14 pmsvgResponder

    Ano extremamente atarefado, mas não é isso que queremos?!!! Parabéns pelas iniciativas bro…. e quero jogar o nosso joguinho!!!!!

  • Gian Rech

    janeiro 5, 2024 / at 8:02 pmsvgResponder

    Adorei a leitura, mestre Janary!
    Se meu 2024 tiver 10% do tanto de RPG do seu 2023, já ficarei realizado!
    E fico por aqui ansioso por novos episódios do podcast! Os desse ano foram poucos, mas foram ótimos!
    Um abraço, feliz ano novo, e vida longa ao D30!

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