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Aventuras Fantásticas no mundo de Titan

Há exatos 20 anos, eu entrava de cabeça em um mundo de jornadas incríveis por incontáveis regiões perigosas e selvagens, em busca de glória e fortuna. Lugares como as Cavernas da Feiticeira da Neve, a cidade perdida de Vatus no Deserto dos Crânios, pelas disputas do título de “pirata-rei” nos Mares de Sangue, através dos infindáveis túneis da Prova dos Campeões entre tantas outras aventuras.

DungeoneerEm um mundo habitado por humanos, elfos, anões e outros seres nada amistosos, percorri três grandes continentes, além de um punhado de ilhas distantes, cada uma com suas lendas e histórias sensacionais. Foram anos jogando Dungeonner, no mundo de Titan, sem que meu cenário favorito tivesse algum material novo, enquanto o grande Dungeons & Dragons, senhor das aventuras medievais, quase passava da sua 4ª edição, o que fazia meus livros ficarem mais obsoletos ainda – em termos de regras.

Afinal quem gostaria de participar de um jogo com regras mínimas, em um período que “menos” era sinônimo de jogo ruim? Ainda mais com a falta de suporte para campanhas um pouco mais longas ou com material mais que batido. Migrei o cenário para outros jogos com Mighty Blade, Old Dragon e o próprio D&D, claro, mas nenhum me agradou completamente (não pelo sistema em si, mas por uma questão de adaptação mesmo).

Eis que no final de 2011 a editora inglesa Arion Games, responsável por jogos como Rolemaster Rome, Maelstrom e principalmente por abastecer parte do mercado de miniaturas de papel na Europa, lança uma nova versão para o antigo Fighting Fantasy RPG, não se tratando apenas de uma releitura, mas uma ampliação revisada e atualizada que pode ser considerado uma versão 2.0 do sistema de regras.

Tudo baseado na série de livros-jogo de mesmo nome criada pelos ingleses Steve Jackson e Ian Livingstone, mas que no Brasil ficou conhecida como Aventuras Fantásticas. Aqui é importante ressaltar aos desavisados que este Steve Jackson, não tem nada a ver com o norte-americano que criou GURPS e milhares de outros jogos, lembrem-se um é americano e o outro inglês. Se bem que para confundir um pouco as coisas, o americano também escreveu livros para a série!FF1_Original

Pois bem, considerando que este artigo ficaria grande demais com tudo junto e misturado, antes de falar propriamente sobre os novos livros do Advanced Fighting Fantasy, achei interessante resgatar um pouco da história da série de livros-jogo, seus criadores e as publicações nacionais. Posteriormente escreverei sobre os cinco livros já lançados para essa versão 2.0 de AFF e o que eles trazem de novidades ou alterações em relação aos antigos.

Tudo começou nos anos 1980, quando os escritores ingleses embarcaram no sucesso que D&D alcançava e adaptaram a ideia do RPG para um modelo de livro-jogo que havia surgido a pouco tempo. Então em 1982, lançaram O Feiticeiro da Montanha de Fogo que logo se tornou um dos livros de fantasia mais lidos no Reino e traduzido para 17 países e com vendas acima de 15 milhões de exemplares. Com estratégia simples, em que o leitor encarna a vida do herói principal munido de armas e magias em reinos diferentes, o livro é dividido em 300 à 400 partes, onde você escolhe os caminhos que deve seguir, rolando 2d6 para algumas situações como os combates.

O sucesso foi tamanho, que novos livros começaram a ser escritos com aventuras inteiramente diferentes, sem que houvesse necessidade de continuidade entre eles e, apesar de não ter relação direta entre as histórias, um novo mundo começou a ser definido pelas narrações. Depois de certo tempo, alguns personagens mais importantes começaram a ser apresentados ao cenário, que recebeu o nome de Titan, o mundo de aventuras fantásticas.

Blacksand!Após anos de sucesso, os livros-jogo começaram a evoluir para algo mais consistente até que em 1989, foi lançado um livro com regras mais complexas, que permitiam a criação de campanhas, aventureiros mais diversificados e um sistema de magias mais avançado: Dungeonner. Escrito por Marc Gascoigne e Pete Tamlyn, o livro foi publicado no Brasil em 1993, aproveitando os bons resultados dos outros livros da série que já eram traduzidos pela editora Marques Saraiva.

Outros três livros da antiga coleção básica também foram publicados por aqui:

Titan, um guia que reúne todo o conceito do cenário com histórias, deuses e lendas, explicação detalhada de cada um dos três continentes.Out_of_the_Pit_Large

Saídos do Inferno (Out of the Pit), publicado em 1985, era um tipo de “manual dos monstros” com as criaturas mais comuns que habitam os continentes deste mundo, apresentando cerca de 150 monstros, compilados dos livros anteriores.

Já em 1990 sai Blacksand, que apresenta a cidade-porto, uma das maiores do cenário, que é descrita como um antro podre de piratas e bandidos. Perigos imprevistos que espreitam em cada esquina e em cada beco escuro. Ladrões e assassinos que deslizam através das sombras. Enquanto antigos mistérios se escondem nos porões e esgotos.

Porém, o Brasil nunca teve sua edição traduzida de Allansia, que trazia regras para a criação de campanhas no principal continente do mundo, que é considerado a terra mais selvagem do cenário. Ainda assim, cerca de 28 títulos da série (sendo que na época a coleção contava com 59 livros na Inglaterra e hoje chegou aos 70 títulos) foram traduzidos pela editora Marques Saraiva até meados de 1997, mas infelizmente sem quem a serie fosse completa por aqui. Ainda tivemos dois livro-jogo duplo (em que eram jogados com duas pessoas, cada uma com um livro diferente), na chamada Fúria de Príncipes, além das duas primeiras partes de um romance formado por três livros, As Guerras de TrollToth e O Ladrão-Demônio, faltando apenas a última parte Shadowmaster.

Atualmente a editora Jambô teve a iniciativa de reeditar a coleção Aventuras Fantásticas que já conta com nove livros publicados e o anuncio de mais um ainda para este ano – O Retorno à Montanha de Fogo.

Por enquanto é isso, aguardem a segunda parte deste artigo com a resenha dos novos livros de Advanced Fighting Fantasy.

 

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Janary Damacena

Sempre interessado em narrações fantásticas e de horror, apreciador de boa interpretação e defensor da regra de ouro.

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2 Comments:

  • Álvaro o Bardo

    julho 30, 2013 / at 10:29 amsvgResponder

    gosto muito do mundo de Titan, ele é uma influência para minhas criações.

  • janary

    julho 30, 2013 / at 10:57 amsvgResponder

    Ele é uma grande influência nos meus jogos também Álvaro, foi o cenário que mais me cativou e inspirou personagens, lugares e situações. Gosto de vários outros clássicos ou nem tanto, mas esse é meu estilo old school!

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