Dicas de mestre para mestre: inovar e renovar
“Vocês caminham por mais um corredor, depois de deixar o salão anterior. Chegam a outra encruzilhada em ‘T’ e se deparam com mais dois longos corredores. Logo que pegam o corredor à esquerda, encontram uma porta fechada e atrás dela…“, diz o mestre
“Sei… tem outro grupo de orcs esperando por nós…“, responde o jogador entediado.
Todo mestre de jogo já teve um momento como esse. Mesmo os mais criativos já fizeram uma aventura onde não havia nada de novo e onde tudo era monótono, estático, chato. É normal. Mesmo algumas grandes séries de TV têm temporadas insuportavelmente chatas (LOST!) e outras muito boas. Porém, o que fazer para, mesmo nos momentos mais chatos da sua aventura, manter a atenção dos jogadores?
Pode parecer complicado criar coisas bacanas a cada instante, mas não é. Variar de aventura para aventura é algo muito bom e trazer surpresas e reviravoltas à sua aventura é uma arte. Algumas dicas interessantes podem ajudar você, mestre de jogo, a fazer com que seus jogadores continuem em sua mesa de jogo, apreciando a história que você criou.
1- Combate vs. Roleplay:
Muitos jogadores simplesmente adoram combates onde seus personagens usam poderes e habilidades, destruindo por completo os inimigos criados pelo mestre de jogo. Ok, legal. Mas um grupo de rpgistas nunca será composto 100% por ‘wargamers’. Enquanto um ou dois jogadores da mesa se divertem com aventuras que vão de um combate ao outro sem muito blábláblá, o restante pode estar de saco cheio de ver apenas números. Assim sendo, minha dica é: tente variar entre as duas situações de uma forma equilibrada, mantendo a atenção e a diversão de todos. Em minhas aventuras de D&D, por exemplo, há um bom espaço para interpretação (roleplay) e um bom espaço para a pancadaria. Em campanhas, tento sempre variar entre cada sessão. Lembre-se de conhecer bem seus jogadores, saber do que eles gostam e que tipo de aventura eles preferem.
2- Clichés vs. Originalidade:
Não adianta querer ser sempre original. Mesmo grandes escritores um dia beberam em alguma fonte. Não estou dizendo que você não deva criar coisas novas mas que é difícil ser SEMPRE original. Em aventuras e campanhas de qualquer gênero, você vai acabar usando um ou outro cliché mas…o que seria de alguns grandes filmes se não fossem os clichés?
Logicamente, não se deve abusar de idéias batidas e “folclore nerd”. Porém, o que seria de uma aventura de Shotgun Diaries (zumbis!) sem os momentos clássicos de filmes “Z” de horror? Uma dica interessante é tentar usar os clichés para surpreender seus jogadores. Como? Simples, basta usar e abusar de algo comum a filmes e livros do gênero em questão e então, quando os jogadores menos esperam, você muda as coisas. Por exemplo, todos sabem que dragões vermelhos são maus, crueis e gananciosos. E se aquele dragão que os aventureiros estão prestes a matar abre a boca e diz que quer ajudar pois ele é nobre e bom?
Seja qual for a orientação, manter um equilíbirio entre coisas batidas e originalidade é a melhor opção.
3- Gêneros vs. Gêneros (what the fiuk man?)
Você gosta de faroeste. Seus jogadores odeiam. Você gosta de uma ambientação e os seus jogadores simplesmente rasgariam o livro assim que o vissem. Melhor parar de mestrar rpg e ir fazer algo chato e aceito por todos. NÃO!
Use isso em seu favor! Se eles odeiam faroeste, pegue elementos do gênero mas utilize-os em outro. Por exemplo, uma aventura estilo bang bang mas ambientada num contexto espacial (Firefly!) ou ainda uma história de terror ambientada na Roma antiga. Usar elementos clássicos de filmes e ambientes em gêneros totalmente diferentes é inovador e divertido e fará com que você e seus jogadores deixem preconceitos de lado, aprendendo a gostar de outros tipos de narrativa.
4- Distrações (ah o maltido iphone na mesa de jogo!)
Você criou uma aventura onde o grupo vai passar por algo importante. Você criou a atmosfera com uma trilha sonora impecável e diálogos excelentes dos seus personagens. Então o vizinho começa a tocar pagode enquanto se diverte com o churrasco de domingo. O que fazer? Matar o vizinho e comer seu coração? Claro que não. Somos jogadores de rpg, não criaturas canibais de um mundo subterrâneo qualquer. Muitas vezes são os próprios jogadores que atrapalham o clima da aventura (geralmente quando estão de saco cheio por que você não conseguiu prender-lhes a atenção) falando ao telefone, conversando com os demais sobre outro assunto que não o jogo ou simplesmente dormindo (sim, isso é possível!).
O que fazer? Bom, elimine as distrações (matar e comer coração! Não! Já disse que não!). Peça educadamente que mantenham os celulares no silencioso (igual ao cinema e teatro). Evite jogar num lugar barulhento ou movimentado onde todos serão distraídos por algo. Seja legal e peça sempre a atenção deles com educação. Assim, todos se divertem.
Bom, essas são apenas algumas dicas sobre como deixar sua aventura mais interessante para seus jogadores e, consequentemente, mais divertida para todos na mesa de jogo.
Aguardem mais dicas!
Gene é fã de clichés como cavernas e castelos que caem depois da derrota do vilão
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