As aventuras de Dunk & Egg pelos sete reinos
Na introdução de “O Cavaleiro dos Sete Reinos”, George Martin faz uma menção ao célebre J.R.R. Tolkien que disse certa vez: “um conto cresce durante a narrativa”. No caso das Crônicas de Gelo e Fogo, a frase não poderia ser mais verdadeira.
Para começar é preciso compreender que os três contos apresentados aqui foram publicados ao longo dos anos em diferentes livros e reunidos para este volume lançado em fevereiro no Brasil.
Martin começou a escrever sua maior obra – em tamanho e relevância – em meados de 1991, mas só publicou o primeiro volume cinco anos depois e desde então não parou mais de escrever sobre Westeros e os reinos além. A complexidade da trama e do cenário permitiu que Martin se aventurasse por vários trabalhos paralelos que ampliariam a visão geral da obra, e é disso que trata este livro.
Os personagens são Dunk, um escudeiro promovido a cavaleiro pouco antes da morte do “Sor” ao qual servia, e Egg, o filho de um dos herdeiros da coroa dos dragões Targaryen, que deveria ser o escudeiro de um de seus irmãos mais velhos.
Neste livro, em que a história se passa 90 anos antes dos acontecimentos de “A Guerra dos Tronos”, ficamos sabendo como o destino colocou os dois juntos e algumas das desventuras pelas quais passaram por alguns anos. É um livro de leitura fácil e rápida, que dispensa qualquer conhecimento prévio sobre as Crônicas de Gelo e Fogo ou seus personagens. Inclusive, se alguém ainda não leu nenhum dos livros, uma boa pedida seria começar por este aqui.
Para quem leu pelo menos o primeiro da coleção, não vai se surpreender ao saber que um dos reis que governou toda Westeros foi Aegon V, justamente o escudeiro Egg, mesmo que na época em que se passa a narrativa, seja praticamente impossível imaginar que um dia um garoto como ele, que por mais distante que estivesse na linha de sucessão real, pudesse se tornar o rei. Claro, nos contos são revelados acontecimentos que culminariam com Egg no poder e Dunk se transformando em Sor Duncan, o Alto (na falta de um título mais apropriado para um cavaleiro, como Egg menciona no começo da história).
O Cavaleiro Andante foi publicado originalmente em Legends: Stories by the Masters of Modern Fantasy, em 1998. Este é primeiro conto e onde são apresentados os personagens. Tudo começa com Dunk enterrando seu antigo amigo e mentor, Sor Arlan de Centarbor, que o acolheu como escudeiro quando Dunk era apenas um menino de rua da Baixada das Pulgas em Porto Real. Para começar a vida de cavaleiro, o jovem parte para Campina de Vaufreixo onde haverá um grande torneio. Após Dunk tomar Egg por seu escudeiro, o torneio ganha uma proporção maior do que o esperado se tornando uma verdadeira catástrofe para a Casa Targaryen e o desenrolar gera mudanças que afetariam todo o destino de Westeros.
A Espada Juramentada, publicado em Legends II: New Short Novels by the Masters of Modern Fantasy em 2003, é, na minha opinião, o mais fraco dos três contos. Apesar disso, é o que mais traz informações sobre um dos principais eventos da cronologia dos dragões, a Rebelião Blackfyre, quando um bastardo tentou tomar o Trono de Ferro e uma guerra aconteceu. Os eventos deste conto se passam cerca de um ano depois do primeiro, e nele Sor Duncan e Egg já têm uma intimidade muito maior, o que torna os diálogos mais interessantes. Ambos estão servindo um senhor de uma casa em decadência que não se conforma com sua perda de importância no reinado.
O Cavaleiro Misterioso foi publicado originalmente em Warriors, de 2010, e é o que mais se aproxima do estilo impresso por Martin às Crônicas de Gelo e Fogo. Aqui o número de personagens aumenta consideravelmente, há um clima de conspiração que paira pelo ar, inimizades que terminam em disputas sangrentas e tudo mais. É também o conto que achei mais legal dos três, pois conta com mistérios e tanto Dunk quanto Egg estão mais maduros, o que rende ações mais interessantes durante a narrativa. Apesar disso, acredito ser o conto que menos acrescente na cronologia geral, pois seus acontecimentos, embora relevantes, não chegam a fazer grande diferença para as crônicas. Mas é também quando Dunk começa a deixar de lado a alcunha de “pateta com cabeça mais dura que a muralha de um castelo”.
Apesar de achar as descrições por vezes repetitivas, este livro e suas 416 páginas são um bom divertimento para quem gosta do gênero e mais ainda para os fãs de George Martin.
Em tempo: a editora responsável por esta antologia, a LeYa Brasil, prometeu lançar por aqui os livros de onde estes contos foram retirados, que trazem mais coisas interessantes além do bom velhinho Martin.
E se você, como eu, acha acha que ele deveria agora se concentrar em terminar os dois últimos livros da saga, siga a página “Estará George Martin Morto?”
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