D30 explica o Novo D&D
Essas últimas semanas foram loucas para quem seguiu as notícias sobre Dungeons & Dragons, e finalmente ontem D&D Next virou D&D Now, com o lançamento do D&D Básico. Mas não se enganem, nos próximos dias vamos ver todo tipo de opinião, desde os fanboys chorando de emoção, até ódio de quem queria uma coisa específica que não veio. Para uns é Velha Guarda demais, para outros tem concessões demais às novas ideias da 4a Edição.
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Como havíamos previsto, saiu um PDF grátis com as regras para criar personagens e jogar do nível 1 ao 20. Mas não é nada parecido com o antigo SRD do sistema D20, é cheio de textos e exemplos, flavour (tempero), como se diz nesse negócio.
E que tempero, meus amigos! O exemplo de criação de personagem é Bob criando um anão chamado Bruenor. Para quem não sabe, Robert Savatore criou o personagem Bruenor, rei de Mithral Hall, um dos companheiros na saga de Drizzt Do’Urden. Para dar exemplo de como diferentes guerreiros podem ser personagens diferentes o texto usa Artemis Entreri, o vilão da mesma série, e Tyka Waylan, a heroína boazinha das crônicas de Dragonlance.
D&D Básico começa com a descrição dos portões do Castelo Ravenloft. Como pode ser mais D&D que isso? Cita todos os mundos que você pode imaginar, e deixa claro que D&D é para ser jogado do jeito que o grupo quiser.
E a ênfase é na interpretação, sem deixar de lado a parte “jogo” do RPG. O texto fala em Três Pilares da Aventura: Exploração, Interação Social, e Combate. As regras são divididas nessas três “fases” do jogo, com bons exemplos o tempo todo. Me agradou bastante a sensação toda, fizeram um texto com o qual posso jogar todo o D&D que eu quero. E deixaram várias pistas sobre o livro do Jogador e do Mestre que já me convenceram.
Na parte sobre Roleplay, o texto apresenta duas opções como forma de fazer entender o jogo. A ativa, em que você fala como seu personagem, e a descritiva, em que descreve as ações e opiniões. A gente discutiu isso um pouco no último Podcast D30.
Bem, vamos às regras que valem destacar:
Características
O sistema de Características que a Menina-Gato adorou está lá. Personalidade, Ideais, Vínculos, e Defeitos. E também um sistema para recompensar quem usa eles durante o jogo, os jogadores ganham pontos de Inspiração todas as vezes que seguem essas características, e inclusive um jogador pode dar um ponto para outro.
Sexo
Talvez a parte mais corajosa do texto, eles apóiam abertamente que um personagem seja gay, e que mulheres não precisem aderir aos estereótipos.
Vantagem
O sistema de vantagem/desvantagem veio para ficar. Todos gostaram dele nos playtests, e ficamos com ele.
Skills
Ficamos com 18 perícias. Investigação em vez de Procurar, talvez seja a maior mudança. Eu faria ainda menos, mas já fui convencido de que não tem jeito.
Dano dos Feitiços
Os feitiços estão diferentes, mas de um jeito interessante. As regras são as mesmas de edições passadas, com feitiços decorados. Mas são mais feitiços decorados apesar de serem os mesmos a fazer por dia, e o mago ainda pode recuperar alguns durante o dia. Uma sensação de que melhoraram o sistema de magia mexendo muito pouco nele. Mas o dano dos feitiços estão maiores. Fireball, por exemplo, dá 8d6 de dano no terceiro nível, mais 1d6 para cada nível a mais que você “gastar” com o feitiço. Isso já era esperando, os monstros vão ter bastante HP, e os personagens também devem, para tornar o jogo menos frágil nos primeiros níveis. Aliás, magos têm d6 como HP, e não d4, e o Crítico é 2x o dano da arma.
Dados de Vida
Mas se você acha que personagens de D&D têm de ter poucos HPs para temer a morte, você precisa ler o que escrevi antes. Os personagens também vão ter Dados de Vida para se recuperar entre um encontro e outro. Apenas o Guerreiro pode “retomar o fôlego” durante o combate, e isso deixou os guerreiros muito bons.
Krlos
Boa análise, estou lendo cuidadosamente o material e gostei muito das modificações, embora não receber conjurações extras por bônus em Atributo me deixou com um “Quê!” na mente, mas o mago pode recuperar um pouco de suas magias com uma rápida meditação, então passa.
Agora, na parte do sexo, não concordo com você que eles apoiem que o personagem seja gay ou não, apenas no exemplo que eles citaram, no caso do drow que não concorda com as divisões de gênero na sociedade. E quem conhece a raça tradicionalmente, sabe que eles são matriarcais. Talvez esse seja o objetivo do texto, mas enfim, isso é questão de interpretação. Acho que vamos ver muita história ainda.
Abraços.
ML
oi Krlos, nesse texto que eu colei sim, quis pegar o título Sex. mas se continuar lendo na página 33 ele vai dizer que Corellon é um deus às vezes andrógino e hermafrodita, e que muitos elfos são assim, e segue para o exemplo de uma pessoa que não se conforma com os padrões de seu sexo. termina com a frase “você decide a orientação sexual do seu personagem”.
valeu pela leitura!
Rafael Filho
Legal que os pilares da Aventura têm a ver com as três Agendas da teoria GNS – Simulacionista (Exploração), Narrativista (Interação Social) e Ludicista (Combate) – uma boa maneira de agradar a todos os gostos de jogadores.
Também prefiro menos Perícias mais abrangentes com direito a Especializações e Feitos específicos. Por falar em Feitos, eles regrediram para o conceito de Proficiências do AD&D 2ª Edição, uma boa forma de agradar os saudosistas.
Gostei muito do resultado final, fizeram bem em dar ouvidos a seus usuários-clientes mais antigos, aqueles que vão difundir A Palavra e conquistar novos adeptos para a Atividade Lúdica (que coincide com o Mercado que a Wizards of the Coast também pretende ampliar).
ML
Rafael, devia escrever sobre isso pra nós! GNS e D&D! 😉
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